As reflexões diante da morte...

Pois então, no dia 21 de julho estava festejando minhas 45 primaveras...Feliz com minha família...

No dia 22 de julho já era um outro dia...O meu novo ciclo de vida começava a acontecer...Então,na manhã deste dia 22 fiquei sabendo que a mãe de um amigo de longa data havia falecido.

Não gosto deste clima, aliás, quem gosta?!?No entanto precisamos ser solidários na dor e resguardei a tarde para acompanhar o funeral.
Falei com meu amigo, tão entristecido pela dor e fui prestar aquilo que chamamos de última homenagem...

Para quem não conhece São João da Barra, (precisa conhecer!), não entende o que é morar lá em cima ou lá embaixo.É uma certa divisão que a cidade possui, sendo que não tem morro.A cidade é totalmente plana,mas com esta divisão local...Lá em cima e lá embaixo...
Então, o cemitério da cidade é lá em cima e a igreja do velório foi a de Santo Antônio...Lá embaixo!

O leitor já pode ter percebido que íamos atravessar a cidade neste cortejo...De baixo para cima!
Neste percurso, que alguns fazem a pé e outros de carro, são aproximadamente 3 Km percorrendo a cidade da igreja ao cemitério...Como há o acompanhamento a pé,o percurso é relativamente lento e esta trajetória induz aos pensamentos reflexivos,pois em grande parte é silenciosa em respeito ao momento...

Assim vamos indo caminhando com nossos pensamentos...Pelo caminho vejo antigos conhecidos que ficam na porta vendo o cortejo passar.(Quando era solteira morava lá em cima e quando casei fui morar lá embaixo!) Impossível não dar aquele sorrisinho tímido ao rever uma família amiga...

E ia seguindo o cortejo...Com meus pensamentos...Refletia por que tantas pessoas dificultam a vida.Porque tantas pessoas não conseguem entender que a vida é assim uma passagem e que temos que aproveitar estes momentos que estamos aqui para fazer o bem...Para ser o bem...Porque fazer caras feias se podemos sorrir para o outro?Por que levar as coisas tão a ferro e fogo?Por que desejar mais do que precisamos para viver?
Por que não podemos beijar mais?Abraçar mais?Amar mais?Sorrir mais?Cultuar as coisas boas e simples?

Ali na minha frente seguia inerte numa caixa um corpo de uma pessoa que lutou até o último momento para viver...Aquele era o momento dos que estão vivos pensar:Poxa, eu estou vivo! Quantas coisas boas eu posso fazer por mim e pelo meu próximo!

Se não posso fazer grandes coisas, façamos pequenas...Vamos sorrir!Elogiar!Agradecer!

Lembro daquela senhora tão arrumadinha, tão empinadinha na missa...Tinha um ar elegante...Alta...E lá estava ela indo...O que de bom pode fazer percebemos pela educação dos filhos que deixou...E tantas outras coisas que não sabemos...Com Deus ela seguia o curso natural da vida...

E nós?O que estamos fazendo pela nossa vida e pela dos outros que nos rodeiam?Seguia refletindo... Chegamos lá no cemitério...Assistia aquele sepultamento e pensava...

Aproveitei que estava ali e fui visitar o túmulo da minha família...
Naquele jazido de 0,80m x 1,5 m estavam sepultados tantos dos meus ... Pensei como esta nossa morada eterna aqui da terra é tão pequena e cabem tantos de nós...Ali, amontoando seus ossos estavam meu avô paterno, minha avó paterna, meu filhinho recém-nascido,meu pai,meu tio...Quanta gente querida num pedaço tão pequeno de terra!

Saí dali e voltei pra casa muito mais segura do que queria para esta vida aqui na terra: Paz!

Não aceitei as caronas oferecidas pois queria voltar andando...Ia andando e curtindo as lembranças de minha infância...Lembram?Morava lá em cima quando criança...A fábrica de tecidos, a Praça de São Pedro, a Casa Alexandre, a Papelândia, a Casa Andréia, A Praça de São João...Contemplativa ia sorrindo para uns e outros que encontrava.

Cheguei a casa bem reconfortada...Com certeza levei ao túmulo uma vitoriosa, a mãe do meu amigo, e retornei querendo ser um exemplo para minhas filhas como ela foi para os dela...Que seja este o sentido da sobrevivência terrena:Ser exemplo para os que ficam !

Saudações artísticas ambientais para todos.

Izabel Gregório.